“Us” (2019)

“Us” é um filme difícil de escrever sem spoilers, mas ainda assim, vamos tentar falar sobre a experiência de assisti-lo e não tanto sobre a trama, mensagens e submensagens que o compõem.

Vamos começar por esclarecer algumas coisas. Em primeiro lugar, Jordan Peele é um gênio e mais uma vez nos deu um dos filmes mais interessantes e intrigantes, repleto de comentários sociais que a maioria das pessoas nem sequer percebe, e é isso que o torna um grande diretor. Ele não nos alimenta com a mensagem e não a enfia goela abaixo. Em vez disso, ele nos faz pensar e discutir com os outros para que, como sociedade, possamos crescer com as visões de outras pessoas.

Também quero destacar a moderação que ele mostra, não só com a mensagem e a violência, mas especialmente por não optar pelo susto fácil que tantas vezes teve a oportunidade de usar e que não nos faz sentir sempre tensos.

Em segundo lugar, ainda acho que “Get Out” é um filme melhor porque nunca vi nada se aproximando. Os twists em “Us” eu vi cedo demais, o que não arruinou nada da minha experiência, mas deu a vantagem para “Get Out” na comparação.

Em terceiro lugar, em “Get Out”, Daniel Kaluuya fez um trabalho incrível, mas em “Us”, Lupita Nyong’o simplesmente superou todos os outros membros do elenco; em um elenco onde praticamente todos estão no seu melhor, ela é hipnótica em cada segundo em que aparece.

E finalmente, para todos que acham que este filme é muito mais um filme de gênero onde o comentário social de Peele é mantido ao mínimo, eu discordaria completamente e diria que isso é, do começo ao fim, um comentário sobre identidade, classes sociais, os “invasores” alienígenas que estão conosco desde o início, o sentimento de direito, a duplicidade das pessoas e muitas outras coisas que muitas pessoas não perceberão na primeira visualização. Até o título poderia ser um exemplo de duplo significado.

Você já viu? O que achou?